Quadras populares 601 a 620
Poema anônimo
601
Novos ares, novos climas
Irei longe respirar.
Lá mesmo serei ditoso
Se meu bem nunca mudar.
Irei longe respirar.
Lá mesmo serei ditoso
Se meu bem nunca mudar.
602
Não há coisa mais faceira
Que a mulata do Brasil:
Tem um olhar feiticeiro
Que ilude a mais de mil.
603
Não posso ver moça bela
Sem amor me titilar:
Sou feito de carne e osso,
Por força me hei de dobrar.
604
Não sei o que é ter orgulho
De constância ou de firmeza;
Eu só me orgulho de amar
A toda e qualquer beleza.
605
605
Não fujas de mim, meu anjo,
Careço do teu amor
Como da gota de orvalho
Carece na terra a flor.
606
No meu rosto ninguém vê
Nenhum sinal de aflição:
Meu desgosto, minha dor
Eu guardo no coração.
607
Na areia fina do chão
Vi o teu rasto sumido:
Um pequeno coração
E uma seta de Cupido.
608
Na hora do apartamento
Meu corpo todo tremia:
Veio me dizer adeus,
Meu coração me doía.
609
Naquele mato soturno
Eu briguei c’o tigre macho:
C’os roncos que o tigre dava
Tremia o mato por baixo.
610
Nossinhor chegou na terra
E parou na Diamantina,
Descansou naquela serra
Pondo as riquezas nas minas.
611
Nasci nas bandas do norte,
Nas terras do mulatinho;
No chumbo grosso e na faca
Eu arrisco um bocadinho.
612
Na trança do meu cabelo
Não me ponha a mão por pique.
Santinho, sou todo seu,
Quando quiser me pinique.
614
Não penses que pela ausência
Eu te perca a lealdade:
A mesma ausência permite
Querer-te bem na saudade.
615
Ninguém se julgue feliz
Inda estando em bom estado;
Querendo, a tirana sorte
Faz do feliz, desgraçado.
616
No meio de meu jardim
Tem um pé de girassol:
No meio de tanta gente
Agradei de você só.
618
Ninguém brinca com Joaquim
Pois só ele é meu brinquedo;
Joaquim é minha caixinha
Onde guardo o meu segredo.
Pois só ele é meu brinquedo;
Joaquim é minha caixinha
Onde guardo o meu segredo.
619
Não te dou a rosa aberta
Onde bate todo vento:
Te dou o botão fechado
Com todo o seu cheiro dentro.
620
Nas asas do colibri
Tem roxo, tem furta-cor;
Benzinho, tu sejas firme,
Que por ti padeço dor.
Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.