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Poema de Leonor Posada



Cansei meus olhos de chorar; cansei
o gesto, a voz, na súplica fremente;
e ao gesto e à voz chamaram-me imprudente
e de falsos os prantos que chorei.

Foram em vão os sonhos que afaguei,
- sonhos de amor, de glória refulgente.
pois, sonhando, eu causava a toda a gente
a impressão de um alguém fora da lei...

Hoje, não sinto a dor dos mais; não sinto
nem ódio, nem amor: vivo do instinto,
inconsciente matéria... fumo... pó...

Sou qual palmeira em meio do deserto,
sem frutos, sem dar sombra aos que vêm perto,
no orgulho e na tristeza de ser só...



Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.

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