Quadras populares 141 a 160


Poema anônimo


141

A senhora era casada.
Por que largou seu marido?
Porque bebia sianinha
- E vinha curtir comigo.

(Sianinha: cachaça)

143

Bate, bate, coração,
Arrebenta este peito,
Como cabem tantas mágoas
Num espaço tão estreito?

144

Batatinha quando nasce
Deita rama pelo chão;
Sinhaninha quando deita
Põe a mão no coração.

145

Benzinho zangou comigo
Eu não sei por que razão;
Eu me vou pôr de joelhos
Para lhe pedir perdão.

146

Bela pastora, entrai na roda,
Para ver como se dança;
Uma volta, meia volta, 
Abraçai o seu amor.

149

Batizei a minha dor,
Pus-lhe o nome de constante;
Foi seu padrinho fiel
Um gemido agonizante.

150

Bicho que anda de noite
De dia o rasto consome:
Nunca vi rasto de alma
Nem couro de lobisomem.

152

Brilhava em céu azulado...
Negra nuvem me toldou...
Por perder quem me seguia
Minha alma aflita chorou.

153

Borboleta, minha vida,
Chega teu beiço no meu,
Que aqui está quem te venera,
Quem morre por ti sou eu.

154

Batuquinho, batuquinho,
Batuquinho do sertão;
Por causa do batuquinho
Maltratei meu coração.

155

Botão de rosa encarnado,
Quem te tirou da roseira
Para andares pelo chão
Misturado de poeira?

156

Basta, pensamento, basta,
Deixa-me enfim descansar;
O bem que ser meu não pode
É um tormento alembrar.

157

Compadre, você me diga,
Me diga só de um arranco:
Por que é que galinha preta
Põe por força ovo branco?

158

Como as flores nascem
A minha Liria nasceu;
Como as flores morrem
A minha Liria morreu.

159

Cajueiro pequenino
Carregadinho de flor;
Eu também sou pequenino
Carregadinho de amor

160

Comprei um vintém de ovos
Para tirar geração;
O pinto morreu na casca,
Não tenho fortuna, não.



Fonte: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.
Originalmente publicado em: "Mil quadras populares brasileiras", Briguiet e Cia. Editores, 1916.

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