Esfinge

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Poema de Leonor Posada



Mergulho o meu olhar em teu olhar. Indago
o que tua alma diz nessas vagas tranquilas:
e busco compreender, procurando senti-las,
todo o mal que receio e todo o bem que afago...

Quantas vezes, a rir, nos raios que acutilas,
de dúvida me encheste o coração pressago!
Mas também, quanta vez, no mar em que naufrago,
me veio a salvação dessas doces pupilas.

Cruel enigma és tu! Esfinge indecifrável!
Ora frio no olhar, ora brando, amorável,
quando é que chegarei teus estos desvendar?

- Muito breve, talvez, ou talvez negativa;
ah! quem pôde saber dessa força, que é a viva
inconstância do céu e inconstância do mar?...



Fonte: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.
Originalmente publicado em: "Plumas e espinhos", Casa Valente, 1926.

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