Noiva da agonia

Imagem de Cruz e Souza

Poema de Cruz e Souza



Trêmula e só, de um túmulo surgindo,
Aparição dos ermos desolados,
Trazes na face os frios tons magoados
De quem anda por túmulos dormindo...

A alta cabeça no esplendor cingindo
Cabelos de reflexos irisados,
Por entre auréolas de clarões prateados,
Lembras o aspecto de um luar diluindo...

Não és, no entanto, a torva morte horrenda,
Atra, sinistra, gélida, tremenda,
Que as avalanches da ilusão governa...

Mas ah! és da agonia a noiva triste
Que os longos braços lívidos abriste
Para abraçar-me para a vida eterna!



Fonte: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.
Originalmente publicado em: "Broquéis", Magalhães & Cia Editores, 1893.


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