Domicílio
Poema de Carlos Drummond de Andrade
...O apartamento abria
janelas para o mundo. Crianças vinham
colher na maresia essas notícias
da vida por viver ou da inconsciente
saudade de nós mesmos. A pobreza
da terra era maior entre os metais
que a rua misturava a feios corpos,
duvidosos, na pressa. E do terraço
em solitude os ecos refluíam
e cada exílio em muitos se tornava
e outra cidade fora da cidade
na garra de um anzol ia subindo,
adunca pescaria, mal difuso,
problema de existir, amor sem uso.
Fonte: "Poesia completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "Fazendeiro do ar", 1954.
Fonte: "Poesia completa", Editora Nova Aguilar, 2006.
Originalmente publicado em: "Fazendeiro do ar", 1954.