Luar
Poema de Cecília Meireles
Face do muro tão plana,
com o sabugueiro florido.
O luar parece que abana
as ramagens na parede.
A noite toda é um zumbido
e um florir de vaga-lumes.
A boca morre de sede
junto à frescura dos galhos.
Andam nascendo os perfumes
na seda crespa dos cravos.
Brota o sono dos canteiros
como o cristal dos orvalhos.
Fonte: "Viagem", Editora Ocidente, 1942.
Originalmente publicado em: "Viagem", 1939.