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Poema de Fernando Pessoa



Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. -
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que parte de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...



Fonte: 'Obra Poética', décima edição, Editora Nova Fronteira, 2001.
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