Episódio
Poema de Carlos Drummond de Andrade
Manhã cedo passa
à minha porta um boi.
De onde vem ele
se não há fazendas?
Vem cheirando o tempo
entre noite e rosa.
Pára à minha porta
sua lenta máquina.
Alheio à polícia
anterior ao tráfego
ó boi, me conquistas
para outro, teu reino.
Seguro teus chifres:
eis-me transportado
sonho e compromisso
ao País Profundo.
Fonte: "A Rosa do Povo", Editora Recordo, 1984.
Originalmente publicado em: "A Rosa do Povo", 1945.
Fonte: "A Rosa do Povo", Editora Recordo, 1984.
Originalmente publicado em: "A Rosa do Povo", 1945.